« O contributo do coaching pode ultrapassar o medo na tomada de palavra em público »

O contributo do coaching pode ultrapassar o medo na tomada de palavra em público

1.1  Coaching uma resposta à gestão do stress.

O coach é definido como uma pessoa encarregada do treino de um equipa ou de um desportista. (Nouveau Petit Robert, 2013)

Segundo WHITMORE J..[1], « o objetivo do trabalho de entretenimento é libertar o potencial para levá-lo ao seu nível de desempenho ótimo. Trata-se de ensinar o cliente a aprender por ele próprio, ao invés de lhe fazer ingerir um saber exterior. » Esta frase de WHITMORE relembra-nos a de Confúcio  [2]: « «Quando um homem tem fome, mais vale -lo a pescar o que lhe dar um peixe».

Segundo DELIVRE F.[3] a relação entre o coach e o cliente pode ser definida « por uma série de entrevistas individuais com uma pessoa exterior para tratar de um problema profissional ligado à personalidade do cliente. ».

Em relação à nossa temática, poderíamos encarar que um futuro orador angustiado pela ideia de ter de tomar a palavra em público consulta um coach que o ajudaria a gerir o seu stress e até mesmo ultrapassá-lo. Esse tipo de coaching tem como puro objetivo ajudar o (futuro) orador a desenvolver o seu potencial e a atingir o seu objetivo. Relembremos que o medo induze mecanismos que vão inibir, paralisar o orador. Provoca tremores … perdas de memória, etc. O coach ajuda o seu cliente na busca de soluções, soluções que o seu cliente adotará ainda melhor por ser o autor.

Se considerarmos o facto de que o mundo profissional e privado leva-nos a tomar cada vez mais a palavra em público, é possível que o coaching se desenvolva progressivamente nas empresas, tanto no acompanhamento de dirigentes e de gerentes, como no coaching de equipa ou de organização.

Falando dos diversos componentes do coaching, Karine AUBRY [4],

  1. Somo indivíduos, logo temos necessidades personalizadas e os nossos desafios são pessoais. Um estudante por exemplo terá medo de um exame oral enquanto um presidente terá medo de uma intervenção pública.
  2. O coach decompõe o objetivo em pequenos passos, e encoraja o seu cliente a testar as soluções que inventa – a força da «permissão» trazida pelo coach não é de negligenciar. Contrariamente à formação da qual saímos convencidos e motivados, depois passado pouco tempo esquecemos, o coach acompanha o progresso e incita a perseverança!
  3. O coach é um estímulo, acompanha um indivíduo num trabalho de mudança apresentado no início do contrato.
  4. O coach sabe encriptar o « pedido por vezes escondido » [5] junto do seu cliente. Um gerente pede, por exemplo, um acompanhamento para melhorar a sua tomada de palavra em público, e ao esmiuçar o seu pedido, o coach pode fazer emergir a verdadeira necessidade, a de se sentir legítimo no seio do Comité de Direção ao qual esse gerente acaba de se juntar. GALLWEY T. [6], 4. fala de “o adversário que temos em nós e que é bem mais temível do que o que nos dá a réplica atrás da rede » Trata-se portanto de ajudar o futuro orador a ultrapassar-se através de esforços, a passar por uma « metamorfose»   que é um processo que se manifesta o mais frequentemente por importantes mudanças.
  5. Assim, o objetivo do coach é ajudar o cliente a ultrapassar os seus medos, de suprimir as entraves e de descobrir as suas crenças limitantes de modo a apoiar o seu esforço e o seu progresso.

1.1.1                   O medo do palco, uma desvantagem ou um aliado ?

BERNHARDT Sarah.[7], comediante entre 1862 e 1914 participou em mais de 120 espetáculos e fez-se igualmente um nome enquanto atriz de cinema. Um dia, uma jovem atriz, confessou à grande Sarah Bernhardt, que antes de subir ao palco nunca sentia medo, à qual Sarah respondeu : «Não se preocupe, o medo de palco virá com o talento».

Sem desafio, é provável que o orador não meça nenhum perigo. Tomemos dois exemplos para este prepósito. Primeira situação: organizo um churrasco com uma dezena de amigos conto anedotas e outras histórias engraçadas.

Não tenho evidentemente nenhum medo do palco, pelo contrário, eu peço a palavra para intervir. Segunda situação : estou frente a um grupo de dez jurados ou dez membros da direção da minha empresa. Indubitavelmente, sinto uma forma de medo. No entanto, sou sempre eu, e o número de pessoas é o mesmo. O que mudou ? É o desafio ligado à situação, não tinha nada para arriscar enquanto no segundo caso, pode ser uma questão de uma aposta comercial, financeira, ou ainda da minha carreira. Trata-se sobretudo de um aposta pessoal e da imagem que queremos dar aos outros.

E no entanto como o medo é uma fonte de energia: um medo bem negociado é um medo útil. Ele mobiliza a energia que um orador necessita para fazer face ao seu público e torna-se um aliado. Relembra-nos com que respeito temos de abordar certos assuntos. Apesar de todas as razões mencionadas anteriormente, o mais frequente, a nossa aposta será ligada à imagem que queremos dar de nós mesmos. Ora, ela está realmente em acordo com a que imaginamos?

1.1.2                    Quem pode aprender a falar em público ?

Segundo SMAL G. [8] « todo o mundo » pode aprender a gestão do medo e das emoções o que permite às pessoas tímidas ganhar confiança em si. Como em qualquer domínio, a partir do momento em que alguém conhece bem o seu tema e que é garantido fazer boa impressão, o stress diminui.

 

 

1.2  A transformação do medo como fator positivo de concentração

« O pensamento é uma energia ! » afirma RICQUIER M. [9]. Ele utiliza o exemplo da quantidade incrível de ondas eletromagnéticas que deambulam no céu para alcançar o nosso televisor e se transformam em sons e em imagens para desenvolver esta afirmação. Não os vemos e no entanto no duvidamos da sua existência.

RICQIER M. explica que graças à I.R.M. [10] podemos ver o cérebro em atividade. O que é interessante, no que nos diz respeito, é que podemos constatar, que as regiões cerebrais que funcionam são as mesmas, que se faça ou que se imagine alguma coisa. Prossegue dizendo que o que se passa psicologicamente aquando o trabalho interior é que a representação de uma ação mental, como a de falar frente a um grupo, deixaria de facto micro contrações que provoca, um rasto muscular que seria conservado e reativado aquando a execução real deste gesto.

O importante é a intenção que o orador mete no que ele diz. Segundo RICQIER M. a visualização positiva pode ajudar alguém a ultrapassar o medo de falar em público. Emprega uma analogia muito interessante: a dos sistemas informáticos. No entanto qualifica-a de reducionista, tendo em conta que o cérebro tão mais perfecionista que o computador mais sofisticado do planeta. Explica que existe um programa gravado no disco rígido: é o medo; o disco rígido, é o inconsciente. « Basta portanto apagar esse programa e substituí-lo por outro. » Chama esta técnica de  « visualização ». «  Para o que se relaciona com o sistema nervoso vegetativo, não há nenhuma diferença entre uma situação vivida mentalmente e uma situação vivida na realidade».

Mas é tao simples quanto isso ? Se fosse tão simples, haveria apenas excelentes oradores. Ao aplicar esta teoria noutros casos, poderíamos deduzir que não haveria mais pessoas infelizes.

Segundo um estudo [11] canadiano de 2009, o pensamento positivo seria eficaz apenas para pessoas que já possuem uma boa autoestima. Outros falarão de crenças.

A tese altamente pragmática de GALLWEY T. [12] ensina-nos que um desportista de alto nível dá-se a um «jogo exterior» contra um adversário mas sobretudo contra obstáculos interiores ou mentais tais como falhas de concentração, a ansiedade que impede de utilizar o seu potencial máximo, a dúvida de si mesmo, assim como a tendência à autocondenação sobretudo quando os resultados não seguem imediatamente os esforços implementados para este fim. O argumento principal de GALLWEY T. é que são os nossos «hábitos mentais» que determinam o grau de excelência que podemos esperar atingir no desempenho.

Desempenho = Potencial – Interferências

imagesCAMIHH0N

 

 

 

CARLICCHI C. [13] explica que « observação desprovida de julgamento permite limitar as interferências e assim dispor de uma observação fiável. Se a informação é fiável, a ação vai automaticamente ajustar-se de forma a atingir o melhor nível de desempenho. Conhecendo e controlando o jogo interior é possível deixar o melhor jogo aparecer ao atingir um estado de « concentração relaxada», o que os desportistas denominam de « zona ».

Constatamos que para isso é necessário ultrapassar a dúvida, a ansiedade, o nervosismo e a perda de concentração que nos impede de funcionar ao melhor nível.

Por conseguinte, é necessário acalmar o “eu que pensa” e de deixar agir o “eu que sabe como fazer”. A melhor forma de acalmar o espírito não é dizê-lo para se calar mas como explica T. GALLWEY aprender a concentrar-se melhor sobre o que é realmente importante, observar sem julgar o comportamento existente, confiar no seu “eu que sabe como fazer” e deixá-lo fazer, para finalmente observar sem julgar os resultados e mudanças até que o comportamento novo seja um automatismo.

1.2.1                    A preparação mental e física

Ouvimos frequentemente um desportista pronunciar as palavras seguintes aquando uma entrevista antes de uma competição: « Estou confiante, tudo vai correr bem».

O que faz com que seja tão confiante? Será apenas a sua preparação física ?

Um Triatleta e Ironman chamado Vautier Guillaume [14], um apaixonado de desporto, de desenvolvimento pessoal e preparação mental, sugere que a maior parte dos desportistas desenvolvem antes de mais a sua condição física ao detrimento da sua capacidade mental. Para se ultrapassar, aconselha uma das técnicas de preparação mental já citada e aos seus olhos a mais eficaz  : « a visualização ».

Guillaume acrescenta : « Alguns dos melhores atletas mundiais (golfistas, futebolistas, nadadores, …), campeões olímpicos, praticam a imagem mental e a visualização, aquando os seus treinos e em competições de forma a melhorar os seus desempenhos. A utilização da visualização terá objetivos diferentes em função do desporto praticado. Por exemplo graças a esta técnica, um golfista poderá trabalhar a sua técnica de swing, um futebolista poderá trabalhar a precisão dos seus pontapés livres, um tenista a sua técnica de batida de bola e a sua precisão, um corredor a pé a tolerância à dor, um esquiador poderá percorrer na sua cabeça a sua descida para conhecê-la na ponta dos dedos, … »

Poderíamos igualmente aplicar esta técnica a alguém que tem o medo do palco, de cada vez que essas pessoas tem de falar em público ?

Segundo RICQUIER M. [15] sim sem moderação. Outros chamarão esta técnica de « trabalho interior ». Parece importante aquando a preparação de um discurso, de se imaginar a entrada em cena, pacientando calmamente, esperando a sua vez. De seguida, supomos que nos chamam ou que o candidato anterior sai da sala e que é a nossa vez de fazer a nossa apresentação. É preciso imaginar-se a entrar calmamente, serenamente. Pouco importa que o que imaginamos não corresponda à realidade. O importante é colocarmo-nos na pele do orador. Durante este exercício, é permitido acelerar o filme interior de modo a aceder a uma parte mais difícil da apresentação.

A falta de confiança é frequentemente um obstáculo a ultrapassar. A presença de um coach é importante uma vez que motiva a perseverança a relembrar o fim do caminho percorrido e torna consciente dos progressos efetuados.

A preparação mental parece ser capital mas não se deve de modo algum negligenciar a preparação física. A inquietação contrai os músculos da barriga e da bexiga. Uma má respiração pode limitar o afluxo de oxigénio. Uma respiração profunda, pelo contrário, pode favorecer a oxigenação pulmonar e cerebral, o que favorece o relaxamento. É portanto aconselhado tomar uma respiração profunda antes de começar. É igualmente recomendado passar uma boa noite de sono na véspera da tomada de palavra em público.

Como um desportista de alto nível, é importante não deixar nada ao acaso.

1.2.2                    O coaching através de um exemplo

O medo de tomar a palavra não se limita aos adultos. Aliás o coaching também não. Como testemunha o exemplo seguinte, apresentaremos um adolescente tímido e reservado, que através de um coaching aprendeu a ultrapassar o seu medo de falar diante dos seus colegas de turma.

A relação de confiança entre o coach e o cliente é um fator chave para aumentar a confiança em si. De que modo está a confiança em si ligada ao medo ? « A confiança em si reside na plena consciência dos nossos recursos e de forma eficaz independentemente do contexto e da situação» (JACCARD D., 2004).

Isso significa que o conhecimento dos nossos recursos permite-nos avaliar com precisão, a nossa capacidade de falar frente a um público. Pelo caso de Fernandes Gérson [16], destacamos que o facto de desenvolver um nível de consciência baseado nos seus recursos pessoais, ajuda o individuo a forjar uma imagem mais realista de si próprio.

Desde muito pequeno, Gérson, o meu filho, receava perguntar algo a um adulto. Tínhamos, enquanto pais, de o encorajar a fazê-lo. Não me recordo exatamente da primeira vez em que Gérson ousou ir sozinho ao padeiro mas foi preciso muita coragem para fazer esse primeiro passo por ele próprio. Para além disso, a ansiedade aumentava consideravelmente a cada dia que passava antes da sua primeira apresentação na escola. Assim um dia perguntei ao meu filho de que tinha ele medo. Não era o medo de estar mal preparado pois é muito aplicado nos seus trabalhos, mas tinha receio de fazer erros. O medo de se exprimir em público é frequentemente associado ao de errar à frente dos outros. Perguntei-lhe então o que pensava dos outros, dos seus professores e camaradas. Os profissionais são perfeitos ?

Expliquei-lhe que errar não significa que seja incapaz. Aceitar que todos nos somos falíveis, aceitar que por vezes cometermos erros não nos diminui mas faz-nos crescer. O erro é um feedback do que devemos mudar da próxima vez. Desta formar iremos atingir mais facilmente os nossos objetivos. Eu perguntei-lhe: o que pensas, que poderia acontecer se cometeres um erro durante a tua apresentação? Mais alguém sabe o que querias dizer?

O facto de reconhecer que mais nenhuma pessoa sabia se ele se enganava ou não, tranquilizava-o. Pedi-lhe então de trabalhar as suas notas mentalmente. Escrever um manuscrito e anotar palavra por palavra num papel não o ajudariam, pelo contrário, aumentaria o seu medo de esquecer uma palavra.

« Nunca abandone o seu direito de errar, pois perderia a capacidade de aprender coisas novas e de avançar na vida» declarou BURNS David.

O medo de Gérson de se exprimir em público estava igualmente ligado ao que o seu público poderia pensar dele. Pedi-lhe que pensasse nos seus camaradas ou no seu público « O que faz com o que o teu público te ouça ? Ele está la para te julgar, te destabilizar ? Ou está la porque se interessa pelo que tens para lhe dizer ? Não está ele a ouvir-te porque aprecia o que tu preparaste ? Aconselhei-o a concentrar-se em duas ou três caras amáveis de cada vez que se sentisse stressado. Os sorrisos de aprovação iriam encorajá-lo.

Fizemos de seguida alguns exercícios que não duravam mais de 3 minutos. Antes de iniciar esses exercícios, pedi-lhe por exemplo que observasse aqueles que considerava serem bons oradores não para os imitar mas para se inspirar neles. De seguida, pedi-lhe, que pronunciasse a sua apresentação frente a um espelho, cabeça alta, que falasse de forma positiva com o objetivo de tomar contato com a sua imagem, de se habituar aos movimentos amplos, de se valorizar, de se desinibir. Filmei-o e falamos dos seus progressos. Estes exercícios permitiram-lhe aumentar a sua confiança nas suas capacidades.

Aquando a sua última apresentação até utilizou um suporte visual que deixa frequentemente uma impressão mais durável do que simples palavras. Para o seu próximo tema onde terá de explicar o poder do sol, pensa ilustrar o seu tema com uma comparação que considero pertinente. No centro do sol, reina uma temperatura de 15 000 000 graus Celsius. Para ajudar os seus colegas a compreender ele vai explicar que se um dos seus colegas trouxesse para terra um pouco de energia solar equivalente à cabeça de um alfinete, ele poderia aquecer o seu leite a uma distância de 200 quilómetros dessa minúscula fonte de calor. Graças a esta poderosa imagem poderá despertar a curiosidade dos seus camaradas e captar a sua atenção. É evidente que fez imensos progressos desde a primeira tomada de palavra em público.

O trabalho de acompanhamento de Gérson ainda não terminou. Pedi-lhe que se observasse durante as suas apresentações, de se ver como os outros o veem e de analisar quais são os recursos pessoais onde tem potencial para se melhorar.

As suas expressões faciais demonstram que ainda não está à vontade, então como aprender a preparar-se?

Falei-lhe da visualização de um desportista e convidei-o a construir mentalmente o cenário do seu próprio sucesso, de se imaginar a falar frente aos seus camaradas ou professores ou outro público, de se imaginar a falar com todos os recursos de que necessita, como por exemplo, uma postura direita, uma respiração livre, um sorriso cordial, uma boa dicção, um olhar apaixonado na sua audiência.

Ao fazer este exercício ele programará assim o seu espírito e o seu corpo para obter os resultados desejados.

O célebre conferencista CARNEGIE Dale declarou que não se devia «  nunca empreender nada ao pensar no fracasso». De facto, esta atitude é a de adotar em todas as situações.

 

[1] WHITMORE J., (2008), Le guide du coaching – 4° édition revue et augmentée, Maxima, Laurent de Mesnil

[2] http://www.evene.fr/citation/homme-faim-mieux-vaut-apprendre-pecher-donner-poisson-31057.php (consulté le 21/04/2013).

[3] DELIVRE F., (deuxième édition de 2004) Le Métier de coach, Eyrolles

[4] AUBRY K., article « art de coacher » http://www.kolibricoaching.com/art-de-coacher/coaching-entreprise- entreprise-coaching/ (consulté le 23/04/2013).

 

[5] MALAREWICZ J.A., (2007) Réussir son coaching – une approche systémique, Pearson

[6] GALLWEY T. (2011), The inner game of work; Edition Random House Trade paperback.

[7] BERNHARDT S., (2011) Les talents : Des étoiles brillantes aux étoiles filantes, Éditions d’Organisation, 2011.

[8]   SMAL G., (2011), La parole en public pour les timides, les stressés et autres tétanisés, p.169, Edipro, CCI SA

[9] RICQUIER M., (2008), Vaincre le trac grâce à une meilleure connaissance du fonctionnement mental, Guy Tredaniel

[10] I.R.M. = (Imagerie par Résonance Magnétique).

[11] http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/19493324 (consulté le 24/04/13).

[12] GALLWEY T. (2011), The inner game of work; Edition Random House Trade paperback.

[13] CARLICCHI C. Coach de Vie à Versailles, http://www.coaching-go.com/ (consulté le 24/04/13).

[14] Vautier Guillaume, passionné de sport, de développement personnel et de préparation mentale, Source : http://www.lemeilleurdelhomme.com/2013/02/18/preparation-mentale-la-visualisation-une-des-cles-de-la-performance/ (consulté le 24/04/2013).

[15] RICQUIER M., (2008), Vaincre le trac grâce à une meilleure connaissance du fonctionnement mental, Guy Tredaniel

 

[16] FERNANDES Gérson, 15ans, élève en 10ième commerce, mon fils.