« Um coach age como um arqueólogo »

Por ocasião da semana internacional do coaching que terá lugar do 19 ao 25 Maio, Salvatore Genovese, vice-presidente da Federação internacional de coaching (ICF) no Luxemburgo entrega-nos a sua elucidação sobre a profissão de coach. A palavra coaching é cada vez mais utilizada na nossa sociedade. Não é um setor que foge ao fenómeno.

Por conseguinte, que realidade inclui este vocábulo extirpado do mundo desportivo em direção a domínios tão variados e diferentes como o mundo da empresa, as organizações, a esfera privada ou os meios de comunicação social.

Porquê este entusiasmo por esta prática? A nossa identidade ter-se-á tornado numa jangada flutuando à deriva no mar do nosso futuro? A sociedade na qual vivemos terá acabado por evacuar os motivos da nossa existência? Vivemos um período de sobrevivência, ferozes que somos a responder às exigências e às somas consumistas da nossa época?

Um botão de consciência

Jean Cocteau dizia que um belo livro, é o que semeia em abundância os pontos de interrogação. Eu coloquei-me por conseguinte muitas perguntas sobre o coaching, esta prática sedutora ao serviço do desempenho das empresas. Além disso, tendo eu próprio a fibra comercial, eu preparava-me para me especializar no acompanhamento das forças de venda das sociedades que poderia convencer da pertinência e do valor acrescentado dos meus serviços nesse sentido. Afinal, se os desportistas levantam troféus, por que razão não podem os comercias fazer o mesmo graças ao coaching? Esta prática seria favorecida pela empresa somente porque esta considera que se trata do meio mais eficaz para motivar e mobilizar as suas tropas em direção aos objetivos que ela se fixou? O papel do coach não se limita contudo a concluir contratos de acompanhamento dos colaboradores de forma a maximizar o seu potencial e otimizar as suas competências no quadro de objetivos profissionais. Se tem de haver lógica económica, o primeiro capital humano a fazer «frutificar» é o do dirigente. E se em cada pessoa na empresa se esconde um empreendedor, é primeiramente a ele que cabe mostrar a direção aos seus colaboradores. Mas o dirigente muitas vezes não revela as suas dificuldades e quanto maiores forem as suas responsabilidades, mais ele fica iludido. Quando se vê restringido a delegar as tarefas a subordinados que não têm forçosamente a mesma motivação que ele, vê o mundo como um caminho semeado de emboscadas onde tudo pode acontecer. O melhor como o pior. Alguns coachs não referem o assunto. Entra então em cena o dilema corneliano seguinte: «Como poderá a escuta do coach a favor do seu colaborador ser neutra e benévola quando é esse mesmo dirigente que recorreu aos seus serviços e que o retribuíra para estes?». A margem de manobra arrisca ser mais estreita quanto mais larga for o cunho do coach.

Coaching e desempenho

Que diretor, que quadro, que comercial, que colaborador nos desejaria desenvolver o seu potencial e aumentar consideravelmente os seus desempenhos? No entanto, o grande desprezo seria acreditar que o coach considera sempre o seu cliente como uma microempresa, cujo único objetivo seria aturar e voar de sucesso em sucesso. Todos os seres não têm um campeão em si. E esta visão do coach que revindicaria alguma parte do sucesso dos seus clientes é perfeitamente intolerável. O coach é apenas o vetor pelo qual o cliente, atribuído ao desempenho ou não, ousará revindicar as suas emoções doutro modo que de forma efémera. Um coach digno desse nome não participará qualquer tipo de vontade de «lobotomizar» os espíritos ao vinculá-los às leis da rentabilidade económica. Abertura e disposição de coração da parte do cliente são condições essenciais ao sucesso de um processo de coaching. A autonomia, valor último deste, passará também por um desenvolvimento do seu espirito crítico.

Coaching e consultadoria

Consultor coach, este termo constitui a meu ver um dos mais surpreendentes oximoros que os meus órgãos auditivos puderam ouvir até então. Contudo, que fique claro, cada disciplina tem as suas virtudes e o essencial reside no facto que o cliente atinja portanto o objetivo que se fixou no início. Numa convenção de coaching, é o cliente que permanece o piloto do seu projeto enquanto num contrato de consultoria, a opinião do consultor virá colmatar uma necessidade precisa determinada pelo cliente. Por outras palavras, o consultor é solicitado pela sua perícia específica. Avalia as práticas ou os procedimentos de uma companhia ou de uma organização. Fornece os seus conselhos e preconiza soluções para melhorar estas. O coaching, quanto a ele, é um processo de descoberta no qual o cliente é levado a encontrar soluções no interior dele próprio e ainda ser responsável por implementá-los. Dito por outras palavras, o coach é por vezes muito bem remunerado por «simplesmente» questionar e fazer trabalhar os outros. Exceto que não improvisa coach que quer! Um coach autêntico, profissional e experiente foi ele próprio muito longe na busca das suas potencialidades. Fez um enorme trabalho de consciência sobre ele mesmo. Tenta todos os dias colocar o seu ego ao serviço da sua essência. Abandona a técnica em prol da sua escuta, sua empatia, sua benevolência e sua presença. É aliás quando não sabe onde vai que acompanha o mais longe. Assume a sua sensibilidade colocando-a ao serviço da sua função. Comunica mais sobre o que é do que sobre o que faz. Não seria ele aliás um impostor se propusesse a autonomia e a liberdade sem fazer ele próprio no quotidiano a experiencia destes valores? Na verdade, um coach avisado age como um arqueólogo. Escova delicadamente a areia e faz emergir tesouros fugidos.

Porque funciona o coaching?

O estudo „2010 International Coach Federation Global Consumer Awareness Study“ assim como o de 2012 ICF Global Coaching Study demonstram a natureza muito eficaz do coaching uma vez que 86 % das companhias dizem-se extremamente satisfeitas e asseguram que realizaram um retorno entre dez e cinquenta vezes o seu investimento. No que diz respeito às pessoas privadas que recorreram aos serviços de um coach, 96 % destas dizem-se satisfeitas e estariam prontas a repetir a experiência. Todas as empresas assim como os indivíduos interrogados beneficiaram da intervenção de um coach certificado ICF, isto é certificado da Federação internacional de coaching. Enquanto primeira federação no mundo, o ICF apela a um reconhecimento do valor acrescentado proporcionado pelos coachs da qual são certificados assim como uma profissionalização mais forte da profissão de coach. Se, enquanto empresa ou enquanto particular, está à procura de um coach, assegure-se que é aprovado pela ICF. Obterá assim uma garantia de que foi bem formado, de que domina as competências essências e indispensáveis à prática do coaching, de que é regularmente supervisionado por um coach mentor mais experiente que ele e que se compromete a respeitar o código da deontologia e as normas éticas concebidas pela federação. Para bom entendedor!